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aquele volante estranho

é sabido que eu tenho um certo fascínio pelas arcades antigas que tanta diversão nos deram no século passado e por essa razão até andei a construir a minha arcade de mesa com os meus colegas do OOZLabs, onde filmamos todo o processo.

se uma das pessoas que me levou a enveredar por esta aventura é o Celso Martinho, outra é o Luís Sobral, também conhecido por “The Arcade Man”.

e foi o Luís Sobral que nos convidou a iniciar uma pequena parceria, sem fins lucrativos, onde juntamos os nossos talentos de forma a produzir ou terminar alguns projectos relacionados com os vários tipos de máquinas arcade existentes. um dos resultados desta parceria é o Projecto Foosball Pro onde ajudámos a ultrapassar um pequeno obstáculo relacionado com o controle das fitas de LED RGB

outro projecto, bem mais ambicioso, trata de reviver uma máquina pouco conhecida, a Star Wars Trilogy Deluxe Arcade. sabemos logo ao início que não vai ser simples de implementar pela escassez de informação mais técnica, pois esta é provavelmente a única máquina arcade que implementou um joystick para comando com o mecanismo Force Feedback.

até agora, tenho investido tempo no emulador que melhor faz a máquina brilhar, o supermodel3. ainda não comecei a contribuir com código mas já ando de volta a tentar que o emulador carregue a ROM da “drive board”, nome da placa que controla os dois motores que “fazem força”.

da segunda vez que estive na “man cave” do Luís, perguntei como é que estava o projecto de recuperar a máquina dupla da Sega Rally, em que ele me diz que está parado pois houve algo que avariou e que acabou por ficar posto de parte face a outras coisas mais “lucrativas”. pareceu-me ser um bom ponto de partida, já que a investigação da SWT estava meio parada e sempre iria avançando com algo relacionado com electrónica.

é este o tal volante estranho que dá o nome a este artigo que está neste momento na garagem, um cockpit de uma máquina Sega Rally, mais propriamente um dos que podem ver na foto :)

a modificação podia passar apenas pela leitura da posição do volante, sem qualquer força adicionada mas que piada é que isso teria? certamente nenhuma, o que interessa mesmo é colocar a arcade num estado que possa passar pela sensação de condução que tinhamos originalmente. para tal há que recorrer à Internet e pesquisar o que é que já foi feito pelo mundo fora. e foi precisamente no mundo, em França que o Luís Sobral encontrou um projecto que teve uma ideia genial.

a ideia é tão simples como agarrar num comando Logitech com force feedback, desenhar uma placa de interface entre o comando e os motores de potência da máquina Sega Rally de forma a que as informações de força contrária que o motor do comando teria que fazer, são adaptadas à mecânica da máquina arcade Sega Rally. quando o Luís Sobral me passou o projecto, já tinha a placa completamente construída e populada com componentes.

ao ligar toda a electrónica de baixa tensão, percebi que um dos componentes do comando Logitech, o chip controlador dos motores, estava avariado, o que impedia que tudo funcionasse. tratei de encomendar logo dois chips via eBay e três semanas pude voltar ao ataque e analisar o que é que estava a acontecer.

pequena explicação para quem “percebe da poda”, o que o projecto L2M2 faz é ler qual o sentido de rotação do motor interno do comando Logitech, e usar essa informação para fazer rodar o motor de 100V que está na arcade, juntamente com o controlo de uma pequena embraiagem que transmite essa força para o volante

depois de ter o chip novo na placa, começa a investigação a sério com recurso a um pequeno osciloscópio digital para tentar, agora sim, perceber como é que o circuito funciona. após uma inspecção visual, noto que treze das resistências que foram montadas na placa têm os valores errados… alguém meteu os pés pelas mãos…

aparentemente, houve alguém na mauser que não percebeu os valores, quando o Luís os questionou pois as cores nas resistências não pareciam correctas, a resposta foi que “isso agora é tudo assim”. depois de eu trocar estas ditas resistências por valores o mais aproximados possível, volto aos testes e de repente começo a conseguir obter valores de calibração coincidentes com o que o autor do projecto descreve.

pelo caminho os dois componentes activos que controlam os triacs e o TIP122 também entregaram a alma ao criador. é assim que aquela empresa, que provavelmente interpretou mal os valores que eram necessários, fez com que um projecto de um maker ficasse parado por mais de um ano.


em jeito de conclusão, o projecto está semi-terminado na sua fase mais crítica, fazer com que haja força no volante (haverá provavelmente um artigo conjunto a explicar o que aconteceu pelo caminho) mas ainda está longe, bem longe de estar completamente terminado e utilizável.

até lá tenham cuidado em ver a quem compram os vossos componentes, sendo que via eBay é certo que as coisas demoram a chegar mas se houver problemas, o PayPal ajuda a reaver o dinheiro, não se perde tudo, só tempo.