o percurso deste blog é no mínimo estranho.
começa lá atrás, em Agosto de 2005 no blogger usando obviamente tecnologia Google.
três anos depois, resolvo aventurar-me pela novidade de ter o meu próprio domínio e monto o blog num servidor escondido no outro lado do mundo e escolho usar um software obscuro, dotclear e faço a primeira importação sem problemas a partir do blogspot.
seguindo a filosofia open-source, participo no projecto ao traduzir várias versões do software para Português de Portugal.
Categoria: pensamentos
já estou a trabalhar aqui faz um pouco mais de 15 anos, tempo suficiente para pensar em mudanças.
durante grande parte desse tempo, uns 11 anos talvez, estive numa área interessante onde havia criatividade e espaço para a inovação. certo é que nos últimos meses desse periodo a coisa piorou consideravelmente, fruto da politização dos serviços e aumento brutal da burocracia (vulgo papelada irrelevante).
o foco da atenção de quem chefia deixou de ser o nosso “produto interno” e passou a ser “agradar aos doutores e engenheiros”.
o meu amigo Pedro Rebelo lançou ontem um pedido para todos nós respondermos a um pequeno questionário online.
tem um título que diz praticamente tudo:
“Sobre os valores que se atribuem à imagem fotográfica no Instagram”
logo aqui aparece o primeiro problema, alguém achar que uma foto no Instagram terá qualquer valor para além de aparecer num ecran minúsculo ou numa página web.
sim, eu fiquei a saber durante a discussão que tivemos que uma destas fotos foi vendida por $90.
decidiu que já tinha trabalhado o suficiente, desligou o computador, disse um lacónico “até amanhã” aos colegas e saiu. em vez de usar o elevador, resolveu ir pelas escadas até à porta de saída, caminhou pelo parqueamento até onde tinha o carro estacionado. entrou no carro e suspirou “que dia!”. saiu do parque e conduziu sem rumo, pela estrada velha, pelo meio das povoações. a inquietude começou a assola-lo pois havia algo de muito errado com tudo o que se passava à sua volta.
chegou atrasada,
como já era habitual.
pediu um sumo de laranja,
com gelo e sem palhinha.
depois de um olá distante,
virou-se para a janela e
sorriu para o horizonte.
suspirou e disse:
“Sabes, tenho saudades do Verão”
e bebeu o sumo gelado,
como se estivessem 38C na rua,
em vez da chuva e neve que caíam lá fora.
é-me difícil de acreditar que daqui a dois dias, este blog faz cinco anos.
cinco anos!
mil oitocentos e vinte e cinco dias, mais coisa ou menos coisa, nem sequer vou fazer as contas aos minutos nem aos segundos.
a primeira morada do blog foi [aqui, no blogger|http://loidedotcom.blogspot.com|pt], e esteve por lá aproximadamente uns dois anos até Agosto/Setembro de 2007, a altura em que decidi finalmente comprar o meu próprio dominio.
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sózinho penso,
o futuro imagino,
contudo fico,
admirando o presente.
o isolamento tem como presente o sossego. este sossego que nos liberta a mente, nos fustiga a imaginação. hoje como ontem, a previsão do amanhã.
tudo está ligado, por muito que fujamos, sempre nos encontram, acabando a solidão, o isolamento e inevitávelmente, o sossego.
paz, a eterna utopia
guerra, a realidade
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somos o que comemos,%%%
vivemos como podemos,%%%
fazemos o necessário para viver,%%%
escolhemos o caminho mais fácil,%%%
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sobrevivemos, apenas.
não contestamos nada,%%%
aceitamos tudo sem argumentar,%%%
seguimos que nem carneiros para a morte,%%%
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parecemos vítimas de lobotomia.
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é esta a vida que queremos para nós e para a nossa descendência?
ninguem pensa no assunto desta forma, mas a grande verdade é que…
a relva só cheira bem a quem não a corta
(pensamento generalista sobre o impacto da falta do coiso)
todos se queixam da falta do coiso
ninguem consegue viver sem ele
todos falam dele
ou na versão mais pessoal, a verdadeira falta de comunicação invoca a incerteza da continuidade
palavras soltas, quando em quantidade suficiente provocam o pensamento coerente
e a sociedade empurra cada um de nós para as coisas mais absurdas como sejam a necessidade de efectuar algo que não interessa a ninguem
na simplicidade da inquietude, esconde-se o segredo da incerteza
que aliado ao saber da verdade provoca o impensável, o tudo faz nascer o nada
e o sol teima em nascer, dia após dia, sem que nada mude.
está a chover
dou por mim de janela aberta a olhar a chuva, que cai calmamente como se nada fosse
recordo-me de pouco antes de estar aqui, foi como se a chuva me tivesse atraído para este espectáculo
vejo do outro lado da rua as pessoas juntas, abrigadas pelos prédios à espera que a chuva passe
e passa, acaba sempre por passar, pode levar minutos, horas ou mesmo semanas, mas passa sempre